Hoje vou falar de um livro super bacana para quem está começando a carreira ou pretende ingressar na área de arquitetura e design de interiores: "Cimento, batom e pérolas" (Editora 7Letras, 2012), da arquiteta Dorys Daher.
O subtítulo do livro é provocador: quem tem medo de arquiteto? Faço a mesma provocação, trocando a profissão: quem tem medo de designer de interiores? Acho super pertinente esta pergunta, pois arquitetura e design são áreas afins, se complementam e têm várias questões em comum.
Conhecendo o trabalho dos arquitetos (e designers)
Gostei muito das reflexões da autora sobre a profissão e dos exemplos citados no decorrer dos capítulos. Para não deixar o post muito longo, escolhi as duas primeiras partes do livro para comentar: "O cliente e o arquiteto" e "Quebrando mitos".
Na primeira parte, destaco o capítulo em que Dorys fala sobre as "Exigências da rainha do lar". Quem não (re)conhece uma delas? A arquiteta faz um retrato interessantíssimo sobre a mulher que cuida e gerencia a casa em todos os detalhes e sente seu espaço sendo "invadido" pelo arquiteto (ou designer). Nestes casos, como os ambientes da casa costumam ser cheios de objetos de família, a prática do desapego e abertura para um novo projeto tornam-se um verdadeiro desafio para ambos!
Ainda analisando a relação cliente-arquiteto, o capítulo "O espaço em que vivemos", traz uma crítica ao comportamento de parte da classe média brasileira. Segundo Dorys, muitos brasileiros, por não conhecerem direito a(s) profissão(ões), acham "frescura" a contratação de um arquiteto (ou designer de interiores) para projetar a casa.
Penso que a desinformação ou má informação leva a outra questão importante que Dorys trata no capítulo "Quando dinheiro é o problema". Segundo a arquiteta, criou-se um certo glamour em torno do trabalho de arquitetos e designers, alimentado por revistas e cenários de novelas espetaculares. Ou seja, o que devia servir de inspiração acaba incutindo a ideia de que apenas gente rica e famosa tem acesso a esses profissionais.
A consequência é esta: a pessoa busca referências, o que é ótimo, mas quer executar todas as ideias sozinha, pensando ser mais econômico e eficiente. Engano! O arquiteto (e também o designer de interiores) faz muitas pesquisas com fornecedores, lojas, prestadores de serviço, elabora cronogramas de obras e desembolso, no sentido de economizar tempo e dinheiro. Dorys lembra ainda: um projeto tem diversos níveis de detalhamento e é sempre o cliente que dá o limite.
Faço um parênteses: assim como na arquitetura, existem muitas dúvidas em relação ao design de interiores. Algumas pessoas que desconhecem as questões mais técnicas da área pensam que ter noções de estética e "bom gosto" é o suficiente. Sim, ter "bom gosto" é importante, mas as necessidades vão além, é preciso também ter noções de ergonomia, iluminação e materiais. Com todo este conhecimento, o trabalho do designer de interiores faz uma grande diferença no resultado final.
Por fim, seleciono o capítulo "Reformas: sonho ou pesadelo", da segunda parte do livro, em que Dorys elenca os problemas mais comuns que ocorrem já com as obras em andamento, entre eles, o "desaparecimento" dos prestadores de serviço (operários e fornecedores). Sua larga experiência tem mostrado que são diversas as razões, especialmente, um baixo grau de tolerância dos próprios arquitetos (ou designers) com estes empregados, que preferem mentir sobre os reais motivos de sua ausência.
A explicação de Dorys sobre o "sumiço" dos operários é importante e nos faz pensar a respeito do nosso próprio trabalho de gerenciamento da obra. O exercício da auto-crítica é fundamental para correção dos procedimentos!
A explicação de Dorys sobre o "sumiço" dos operários é importante e nos faz pensar a respeito do nosso próprio trabalho de gerenciamento da obra. O exercício da auto-crítica é fundamental para correção dos procedimentos!
Se você já leu este livro, conte para mim o que achou aqui nos comentários! Quem quiser conhecer mais sobre o trabalho da Dorys Daher é só entrar no site do seu escritório DG Arquitetura. Para quem tem interesse de ingressar na área, recomendo a leitura do post sobre "o que estudar: arquitetura ou design de interiores?" (links destacados em laranja).