domingo, 8 de março de 2015

Evento: mesa redonda no Museu da Casa Brasileira com Carlos Motta, Fernando Jaeger e Zanini de Zanine

No último post comentei que o mês de março estava agitado, cheio de cursos e palestras interessantes. Na última quinta-feira, aproveitei que estava em São Paulo e fui conferir uma mesa redonda no Museu da Casa Brasileira com a participação dos designers Carlos Motta, Fernando Jaeger e Zanini de Zanine

mesa redonda no Museu da Casa Brasileira com a participação dos designers Carlos Motta, Fernando Jaeger e Zanini de Zanine
Da esquerda para direita, Tatiana Sakurai, Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, Carlos Motta, Fernando Jaeger e Zanini de Zanine. 

Há muito tempo me interesso por mobiliário e quem acompanha o blog sabe que criei uma categoria só para tratar do tema design de móveis. Neste caminho de descobertas investiguei primeiro os designers estrangeiros e algumas de suas peças ícones. Aos poucos, fui conhecendo os talentos nacionais, dos pioneiros aos que estão em plena produção.  

Este é ainda um mundo a se descobrir, mas eventos como a mesa redonda realizada no MCB são uma ótima oportunidade para divulgar, ouvir e aprender com quem entende do assunto. A mesa redonda foi moderada pela pesquisadora e professora Dr. Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, que na ocasião também estava relançando o seu livro "Móvel Moderno no Brasil", cuja primeira edição é de 1995, simultaneamente, houve a abertura da exposição inspirada no livro.  

Exposição "Móvel Moderno no Brasil: seleção do acervo do MCB"
Exposição "Móvel Moderno no Brasil: seleção do acervo do MCB" que aborda assuntos tratados no livro de Maria Cecilia Loschiavo. 

Os convidados da mesa redonda, Carlos Motta, Fernando Jaeger e Zanini de Zanine, responderam algumas perguntas lançadas pela pesquisadora e pelo público que compareceu ao evento. Vou destacar algumas falas que gostei mais de cada participante e que a meu ver são importantes para quem se interessa pela área: 

Carlos Motta: fez a plateia bater palmas algumas vezes por seu jeito entusiasmado de se comunicar. Destacou que o designer precisa ser um bom observador e destacou que o bom design é, muitas vezes, óbvio. Para Motta, a escolha da matéria-prima com a qual se vai trabalhar é mais difícil do que definir o desenho. E sua preferência é pela madeira, por ser uma fonte renovável, mesmo assim, ressaltou que a mesma precisa ser usada com responsabilidade. Na sua opinião, o Brasil tem a grande chance de mostrar seu potencial ao produzir móveis com responsabilidade ambiental e social. Ressaltou ainda que quando aluno na universidade brasileira sentiu falta de um ensino que o motivasse a usar suas habilidades. Já sua experiência no exterior foi proveitosa, pois trouxe o repertório que lhe faltava. Em seu atelier desenvolve pesquisas de madeiras certificadas, constrói seus próprios instrumentos de trabalho e capacita mão de obra. 

Fernando Jaeger: fez várias referências a sua trajetória profissional e se mostrou engajado na prática de um design democrático e de massa. Lembrou das dificuldades do início de carreira e de seu esforço como designer recém formado para adquirir experiência prática. Foi buscar espaço e aprendizado na indústria de móveis. Citou os diversos produtos que desenvolveu para Tok Stok, uma empresa de varejo que se caracterizou pela busca de produtos com design diferenciado e preços acessíveis. Criticou a profusão nas grandes cidades de imóveis caros com interiores descuidados.

Zanini de Zanine: achei a participação do designer tímida na mesa redonda, com falas que acrescentaram pouco ao debate. Destacou a convivência com seu pai José Zanine Caldas e a relação afetiva que desenvolveu com a madeira. Falou da criação de peças únicas a partir de madeiras reaproveitadas de antigos projetos do seu pai. Comentou o desafio que é criar uma cadeira confortável, que pode ser assim para uns e não para outros, como um sapato. 

Depois da mesa redonda ainda pudemos tirar fotos e pedir autógrafos para a autora, Maria Cecilia Loschiavo, e para os designers. Gostei muito do evento e achei que a discussão abordou assuntos do interesse de estudantes de design que estão em busca de uma especialidade, de profissionais que querem se aprimorar e demais interessados neste tema fascinante. 

A oportunidade de ouvir aquele que pesquisa e também os criadores do objetos pesquisados, neste caso, os designers de móveis, é uma experiência enriquecedora para o designer de interiores, que é o profissional que introduz essas peças nos ambientes e contribui na sua valorização, mostrando às pessoas a importância de ter um móvel bem construído, bonito, sustentável e durável em casa, segundo a própria definição de Carlos Motta. Trocas como esta deveriam acontecer com frequência, pois acredito que, assim como eu, muitas pessoas saíram de lá com mais vontade de acompanhar e consumir a produção desses e outros designers brasileiros. 

Na foto Carina Pedro com Carlos Motta e na segunda Carina Pedro com Fernando Jaeger
Eu, Carina Pedro, com Carlos Motta na primeira foto e com Fernando Jaeger na segunda.

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