Em uma das passagens do meu livro "Casas Importadoras de Santos e seus Agentes", ao tratar do consumo de objetos domésticos no século XIX, menciono os anúncios de leilões públicos na cidade, em que vários móveis podiam ser adquiridos, entre eles, cadeiras "austríacas" ou "vienenses". Desenvolvidas pelo alemão Michael Thonet, essas cadeiras ganharam o mundo nos oitocentos e até hoje estão sendo utilizadas nos interiores residenciais e comerciais.
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| Foto: reprodução / Pinterest |
A cadeira austríaca (modelo n.14) foi desenvolvida em 1859, mas sofreu alterações nos anos posteriores até ser moldada em madeira compensada com vapor. Filho de carpinteiro, nascido em 1796, Thonet conseguiu inovar não só com o desenvolvimento dessa técnica de curvar, como também, ao empregá-la na produção em série em sua fábrica de Viena, ainda na segunda metade do século XIX. O resultado desse empreendimento foi a exportação de milhares de cadeiras austríacas para diferentes países, como o Brasil.
Entre as características que fizeram da cadeira austríaca um produto atraente estava o fato de ser barata, leve e desmontável, sem dúvida, grandes vantagens na hora de vender e transportar. O desenho simples, bonito e funcional dessa cadeira de madeira recurvada e assento de palhinha gerou imitações pelo mundo, inclusive, nas primeiras fábricas de móveis brasileiras, por isso, não podemos afirmar que, naquela época, toda cadeira "austríaca" veio de fato da Áustria.
Hoje em dia, a cadeira n.14 é produzida com diferentes madeiras, assentos e cores, dando novas possibilidades para estilos decorativos que buscam inspiração no passado. Também podemos facilmente dar uma repaginada se tivermos uma dessas em casa. Combina muito bem em torno da mesa de jantar, misturada com móveis feitos de outros materiais, assim como em mesas de bares, restaurantes e cafés. Nada impede também de usá-las avulsas como mesinha de apoio para outros objetos.
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| Foto: reprodução / Pinterest. |
Entre os fãs famosos do trabalho de Michael Thonet estão Mies Van der Rhoe, cuja Cadeira Barcelona já foi assunto no blog, e Le Corbusier, que também já apareceu por aqui no post sobre a cenografia do filme O homem ao lado. Aliás, no livro "Móvel Moderno no Brasil", a autora Maria Cecilia Loschiavo nos conta que, por toda sua vida, Le Corbusier usou os móveis de Thonet nos interiores de seus edifícios, em especial, as cadeiras.
