quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Museu: um passeio surpreendente pelo Memorial Minas Gerais Vale

Depois da minha viagem para Belo Horizonte constatei que a cidade, além de ser garantia de boa comida, é um ótimo destino para quem gosta de museus. São muitas opções, em sua maioria, com entrada gratuita. O meu destaque da viagem é o Memorial Minas Gerais Vale, que faz parte do circuito cultural da Praça da Liberdade. Por um descuido não o coloquei no meu roteiro e só entrei porque a chuva apertou enquanto caminhava a pé pelo local. 

Fiquei umas três horas lá dentro, não só pelo fato de ser um museu grande, mas também por ter salas interativas, com vídeos, sons, objetos, cenários atraentes e, por vezes, divertidos a ponto de nos fazer esquecer da hora. O Memorial Minas Gerais consegue apresentar vários aspectos da história e cultura mineira e é impossível resumi-los em um único post. Vou escrever sobre aquilo que mais me marcou nos espaços expositivos, mas lembrando que cada visitante formará a sua impressão ao longo do passeio. 

Maquete de uma vila/arraial mineiro - Memorial Minas Gerais Vale
Maquete de uma vila/arraial mineiro. 

Um dos assuntos que mais me atrai na história de Minas Gerais é o seu passado colonial e os vestígios do barroco que encontramos em diversas cidades, como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes, Diamantina e tantas outras. Uma das salas do Memorial reproduz em maquete as características típicas do casario e das ruelas que podemos ver até hoje em algumas dessas cidades históricas. Vale a pena observar os detalhes da miniatura super bem feita e também ler o folheto impresso (à disposição na entrada da sala) sobre o cotidiano da população nas antigas vilas e arraiais do século 18 e 19. 

Continuando pelo barroco podemos saber mais sobre como começaram os espetáculos teatrais em Ouro Preto, na antiga Casa de Ópera de Vila Rica, aberta em 1770, pioneira em permitir que atrizes assumissem papéis femininos, já que até então só os homens podiam atuar travestidos. O interessante da sala é a reprodução cenográfica da Casa de Ópera, onde você se sente como um dos espectadores. Adiante, em outra sala com telão tipo cinema, você pode saber mais sobre a influência do barroco em outras artes contemporâneas, como na música de Milton Nascimento e na arquitetura de Oscar Niemeyer.

Eu, Carina Pedro, assistindo à peça sobre a Inconfidência Mineira - Memorial Minas Gerais Vale
Eu, Carina Pedro, assistindo à peça sobre a Inconfidência Mineira. 

Um momento histórico que os mineiros costumam relembrar também não podia ficar de fora desse museu: a Inconfidência Mineira. A novidade foi contar essa história como uma pequena peça teatral, apresentada por meio de vídeos, gravados por atores, que representam os seus principais personagens históricos, como Tiradentes, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Os televisores ficam espalhados pelas paredes da sala e no centro podemos escolher uma das cadeiras giratórias para assistir ao "espetáculo" que dura uns vinte minutos com falas e caracterização da época. 

Uma das surpresas foi a sala que apresenta em vídeo e cenário interativo a linha do tempo de Belo Horizonte, desde os tempos em que era o Arraial do Curral del'Rey, passando pelo planejamento urbano com a construção da Avenida do Contorno e afastamento de parte da população das áreas centrais. Surgiram ao longo do tempo lendas e contos incríveis sobre espíritos que ficavam vagando pela nova cidade. Nem imaginava uma coisa dessas em plena capital mineira! 

sala com objetos típicos da fazenda mineira - Memorial Minas Gerais Vale
Sala com objetos típicos da fazenda mineira. 

Fotos: um passeio surpreendente pelo Memorial Minas Gerais Vale (acervo pessoal)

Sobre cultura material duas salas em particular me chamaram a atenção. Uma delas apresenta os principais móveis, utensílios domésticos e ferramentas presentes nas fazendas mineiras. Esses objetos estão pintados da mesma cor e fixados pelas paredes e tetos. Neles são projetados vídeos, um recurso bem interessante de cenografia para museus. Outra sala, mais de observação mas não menos interessante, é a que traz objetos oriundos do rico artesanato mineiro, como a cerâmica do Vale do Jequitinhonha. 

Ainda têm muitas atrações para serem vistas no Memorial Minas Gerais Vale, como as salas sobre escritores e outras personalidades mineiras, entre eles, Sebastião Salgado, Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. Podemos levar para casa vários folhetos impressos e ler mais sobre as salas expositivas, mas como a experiência in loco é bem mais marcante, recomendo ir com tempo para aproveitar bem. Depois desse passeio fui recarregar as energias na Pão de Queijaria como contei no meu último post: pequeno roteiro gastronômico em Belo Horizonte. São uns quinze minutos caminhando a pé até lá. 

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