No universo da organização de ambientes os livros que tratam do desapego são sempre bem vindos. Isso porque nossos pertences podem se tornar um grande empecilho para começar uma organização. Mas será que desapegar de bens materiais é o único desafio que temos? O último livro que li sobre o assunto abrange outras esferas da vida, como a afetiva e profissional. Além disso, a autora analisa como as diferentes gerações lidam com o assunto. Vou falar mais no post de hoje sobre “A incrível arte de desapegar”, de Cherrine Cardoso.
Livro "A incrível arte de desapegar" de Cherrine Cardoso. |
A autora começa o livro tratando do apego emocional, incluindo família, amigos e até bichos de estimação. Entre suas dicas está aprender a escolher entre apego/desapego nas diversas situações da vida que envolvam relacionamento afetivo. A autora ressalta que precisamos nos sentir em sintonia com nossa essência e com a certeza de que nossa decisão vai gerar uma reação positiva. Ao desistir de uma coisa que desejamos por causa de pessoas queridas, podemos estar alimentando o apego, medo e insegurança. Uma mudança de cidade ou país, por exemplo, pode ser bloqueada por esses sentimentos.
Sobre a questão profissional, Cherrine aborda o sentimento de frustração de quem segue o que os outros acreditam ser o correto e melhor em termos de carreira. Um auto engano que pode levar a sensação de fracasso com o passar dos anos. O empreendedorismo é um caminho a ser levado em conta, quando não nos encontramos em carreiras tradicionais, embora a autora reafirme que não se pode generalizar, pois nem todos serão verdadeiramente felizes empreendendo. A autora deixa algumas perguntas para reflexão, como esta: “o que realmente me impede de mudar o rumo e a direção da minha vida profissional hoje?”.
O apego a tecnologias também é outro assunto desse livro. A autora faz observações interessantes sobre o uso do celular hoje em dia, como por exemplo, a falsa sensação de estarmos “acompanhados” ao utilizar o aparelho. O resultado, segundo ela, é que desperdiçamos momentos de convívio real dando mais atenção para conversas em redes sociais. Sua sugestão para o leitor fala de reavivar a sensação boa de um olho no olho até contemplar a natureza, sem a preocupação de registrar tudo em nossos aparelhinhos móveis, já que o que é realmente importante fica na nossa memória.
Ao final do livro, Cherrine aborda as diferentes gerações e sua relação com o desapego. São elas, Geração Perdida (de 1883 a 1900), Geração Grandiosa (de 1901 a 1924), Geração Silenciosa (de 1925 a 1942), Baby Boomers (de 1943 a 1960), Geração X (de 1960 até o fim dos anos 1970), Geração Y (de 1980 a 1990) e Geração Z (de 1990 a 2000). Eu faço parte da Geração Y, mas me identifiquei com algumas características da Geração Z, segundo as descrições da autora.
Em resumo, as gerações mais novas foram se desapegando dos bens materiais, profissão e família, no sentido de se preocupar menos com o coletivo, com o poupar e acumular, e mais com as experiências individuais e efêmeras. Contudo, encontrar o equilíbrio entre o apego e o desapego é o melhor caminho, segundo Cherrine. Mesmo que seja difícil, todos nós somos capazes de modificar nossos comportamentos e hábitos em busca de uma vida mais plena. Podemos aproveitar a oportunidade para aprendermos uns com os outros, especialmente com pessoas de outras gerações.